segunda-feira, 10 de março de 2008

RODA (MINHA NOSSA) VIDA


“Com todo o respeito ao meu querido Chico Buarque, uma agregação a essa música tão perfeita.”


Tem dias que a gente se sente

(isso quando realmente sentimos algo, quando os sentidos estão acordados)

Como quem partiu ou morreu

(prefiro ir, partir morrendo sabendo que algo melhor me espera)

A gente estancou de repente

(sabendo que o que está estancado é o sangue latente dos pulsos)

Ou foi o mundo então que cresceu

(cortados pelo medo da “selva” mundo que cresceu)

A gente quer ter voz ativa

(mesmo que falemos alto, mesmo que esbravejemos)

No nosso destino mandar

(alguém maior vai impor o destino, o caminho a se trilhar)

Mas eis que chega a roda-viva

(mas e o livre-arbítrio consome o corpo todo e os atos)

E carrega o destino pra lá

(escolhemos caminhos errados, passamos por atalhos ou caminhos mais longos, mas caímos na mesma porta)

Roda mundo, roda-gigante

(sou mais um joguete nas mãos do universo)

Roda-moinho, roda pião

(mais uma peça num jogo errado)

O tempo rodou num instante

(mais um menino mal visto)

Nas voltas do meu coração

(mais um coração dilacerado)


A gente vai contra a corrente

(queremos impor nossas idéias, opiniões, explanar palestras)

Até não poder resistir

(cansar a garganta de tanto falar as mesmas, mesmas idéias)

Na volta do barco é que sente

(sentir que talvez seja pouco, o que quer dizer, o que sentir)

O quanto deixou de cumprir

(frustrar-se, descobrir que é pouco, o que o universo diz de si)

Faz tempo que a gente cultiva

(mas nem ligar para o que um dia eu disse errado)

A mais linda roseira que há

(só em saber que você concorda e discorda ao meu lado)

Mas eis que chega a roda-viva

(tendo consciência de que um dia tu vais)

E carrega a roseira pra lá

(e leva junto meu coração [piegas])


A roda da saia, a mulata

(6 horas e quarenta)

Não quer mais rodar, não senhor

(desperto o olhar, eu acordo)

Não posso fazer serenata

(olhares trocados, a hora)

A roda de samba acabou

(de olhar meu futuro, senhor)

A gente toma a iniciativa

(ou deixa o destino guiar)

Viola na rua, a cantar

(e qual será o resultado)

Mas eis que chega a roda-viva

(dessa incessante troca de olhares)

E carrega a viola pra lá

(e deixo o deixar fluir no ar)


O samba, a viola, a roseira

(eu quero você, talvez amor)

Um dia a fogueira queimou

(por um dia, dois, o que for)

Foi tudo ilusão passageira

(mas que seja ilusão)

Que a brisa primeira levou

(foi o desejo que levou)

No peito a saudade cativa

(e deixe levar mais mil horas)

Faz força pro tempo parar

(ou o tempo que o gosto do beijo guiar)

Mas eis que chega a roda-viva

(eu quero mesmo é parar a vida)

E carrega a saudade pra lá

(olhar nos seus olhos e chorar)


...


VERSÃO END

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